Maduro, Ortega e Moralez oferecem asilo à Edward Snowdem

Activists Rally In New York In Support Of NSA Whistleblower Edward Snowden

Edward Snowden é um herói da luta contra o imperialismo norte americano.

Refugiado desde o dia 23 de junho, no aeroporto de Sheremetievo, em Moscou, o norte americano e ex-agente da CIA e da NSA, Edward Snowdem poderá escolher entre a Venezuela, Nicarágua e a Bolívia como destino final de sua saga de luta contra o imperialismo norte americano. Segundo o portal Wikileaks, Snowden teve negado pedidos de asilo por outros 21 países, entre os quais a Espanha, a Itália, a França e Portugal que nesta semana hostilizaram o presidente boliviano Evo Morales ao negar permissão para que o avião no qual viajava o líder indígena a sobrevoar ou pousar em seus territórios.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (05/07) que concederá asilo a Edward Snowden, cuja a extradição está sendo requerida pelos Estados Unidos devido ao vazamento de informações sobre seus programas de espionagem.

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O presidente da Venezuela Nicolau Maduro anunciou que aceita o pedido de asilo de Snowden.

“Em nome da dignidade de América, como chefe de Estado e de governo da República Bolivariana da Venezuela, decidi oferecer asilo humanitário ao jovem norte-americano Edward Snowden, para que possa vir morar na pátria de Bolívar e de Chávez. Informo que decidimos oferecer esta figura do direito humanitário internacional para proteger este jovem da perseguição do mais poderoso império do mundo.”- declarou Maduro.

“Afinal, quem viola a lei internacional? Um jovem que decidiu, numa atitude de rebeldia, dizer as verdades sobre a espionagem dos Estados Unidos contra o mundo ou um governo como o dos Estados Unidos, apoiado nas elites imperialistas que espiam o mundo inteiro? Quem é o violador do mundo? Um jovem de 29 anos que denuncia os planos do governo dos EUA que lança bombas e arma a oposição terrorista contra o povo da Síria e contra o presidente legítimo Bashar Assad, quem é o terrorista? Quem é o delinquente mundial?”, questionou Maduro.

O anúncio aconteceu durante um desfile militar em comemoração ao dia da independência da Venezuela. Maduro disse para os integrantes das Forças Armadas que é preciso não somente “sentir” a independência e a soberania, mas exercê-las.

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Após ter sido afrontado por países europeus submissos, Evo Morales diz não temer retaliações.

Anteriormente também o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, havia sinalizado que aprovaria o pedido de asilo de Snowden. “Caso às circunstâncias permitam, receberemos Snowden com todo o gosto na Nicarágua.” Ortega porém não detalhou sua oferta.

Finalmente o presidente da Bolívia, Evo Morales, disse neste sábado (06/07) que dará asilo a Edward Snowden. “Quero lhes dizer, que esta noite estive refletindo e quero anunciar que caso solicitado vamos dar asilo a este norte-americano, perseguido pelos seus próprios compatriotas”. A declaração de Morales teria acontecido  no município de Chipaya, no estado boliviano de Oruro e foi confirmada pela ABI (Agência Boliviana de Informação).

O líder indígena disse ainda não ter medo de retaliações do império estaduniense “ e que concederá o asilo por “razões humanitárias”.

Na quinta feira (4) a Rússia havia solicitado a Snowden que decidisse pedir ou não asilo ao país. Impondo como condição de permanência em território russo “cessar suas ações dirigidas a prejudicar nossos parceiros americanos”. Independentemente da concessão de asilo, as autoridades russas anunciaram que não pretendem extraditar Snowden para os EUA.

 

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Snowden é a ponta de um iceberg

 Percy Francisco Alvarado Godoy*

CIA-NSA-Edward-Snowden_1O affaire Snowdem está se transformando em uma complicada intriga de espionagem cujo desenlace ainda parece incerto. Por um lado, o pai do perseguido pelos EUA assegurou que seu filho poderia regressar a seu país sob certas condições, o que implicaria em não ser detido de imediato e ficar em liberdade até que se realize um julgamento justo, o que parece duvidoso para o jovem. Estes requisitos parecem estar contidos em uma carga enviada por seu advogado ao promotor geral Eric Holder.

Para diminuir a responsabilidade do implicado, o pai sugere que Snowden pode ter sido manipulado por Wikileaks. O certo é que o desertor poderia ter sido devidamente interrogados sobre os segredos que conhece pelos serviços de inteligência chineses e russos, o que preocupa profundamente a NSA, a CIA e o FBI.

O certo é que Edward Snoden se encontra escondido e sem passaporte estadunidense, em algumas das salas da área de trânsito do aeroporto moscovita de Sheremétievo, esperando uma solução favorável para sua situação legal. Rússia se faz de desentendida sobre o assunto, pois o rapaz não ingressou no país, e se recusa a adotar medidas cautelares ou entrega-lo a seus perseguidores. Essa posição se funda na ausência de uma solicitação do Departamento de Justiça estadunidense para que Snowden seja entregue. Também há que considerar que na Rússia existem opiniões desencontradas com relação a outorga de asilo ao ex agente da Cia, ainda que a Duma russa tenha indicado uma posição a favor do asilo, segundo deixou entrever o senador Ruslan Gattorov e o membro do Conselho de Direitos Humanos da Presidência, Kirill Kabanov. O primeiro declarou sem palpas: “Convidamos Snowden a trabalhar conosco e esperamos que, assim que formalize seu status legal, colabore com nosso grupo de trabalho e nos dê provas do acesso das agências de inteligência estadunidense aos servidores de várias empresas de Internet”.

Enquanto isso, outros países tratam de ajudar ao perseguido com base em razões humanitárias. Por um lado, a renúncia por parte do Equador às preferencias alfandegárias com seu parceiro estadunidense, evitando qualquer represália diplomática dos ianques, abre uma maior possibilidade para que o asilo a Snowden seja concedido. O governo de Correa, evidenciando sua acostumada dignidade, disse que seu país “não aceita pressões nem ameaças de ninguém”. Não obstante, ainda estuda os pormenores do caso.

Uma nova opção pode surgir para o fugitivo quando o presidente venezuelano Nicolás Maduro que esteve na  Rússia para assistir ao Fórum de Países Exportadores de Gás e assegurou que seu país está disposto a conceder asilo caso o Snowden solicite. “Se este jovem necessita de proteção humanitária e crê que pode vir a Venezuela … Venezuela está às ordens para proteger a este jovem valente de maneira humanitária e para que a humanidade saiba a verdade e isto termine”, declarou Maduro.

Paralelamente, Obama tem bem claro que o mal já está feito e indiciar Snoden o colocaria em uma delicada situação, pois parece que a caixa de Pandora não está totalmente aberta. É por isso que o presidente declarou que EUA não utilizará caças militares, nem negociará a extradição de Edward Snowden, argumentando que; “Não  vou elevar o caso de um suspeito aa quem estamos tratando de extraditar que de repente ganhe tal importância que tenhamos que negociar muitos outros assuntos importantes, simplesmente para leva-lo à Justiça”.

Não obstante lançou uma velada ameaça às nações que estão negociando o possível asilo ao desertor ao asseverar: “Minhas expectativas são de que Rússia ou outros países que falaram em potencial oferta de asilo ao sr Snowden reconheçam que fazem parte de uma comunidade internacional e devem respeitar as leis internacionais”.

Paradoxalmente, o porta-voz adjunto do Departamento de Estado estadunidense, Patrick Ventrel, ameaçou o Equador, com “graves dificuldades” nas relações bilaterais se Quito outorga o asilo a Edward Snowden.

Não obstante, transcendeu que diplomatas de vários países, entre os quais Rússia, Cuba, Venezuela e Equador se entrevistaram com membros da Câmara Pública da Rússia para avaliar o caso.

Snowden por sua vez toma medidas para proteger seus movimentos futuros para que estes não sejam detectados. Uma de sua medidas foi a de solicitar a seus advogados guardassem seus celulares em refrigeradores para bloquear o monitoramento da CIA e da NSA, posto que o efeito chamado “Jaula de Faraday”, anula o campo eletromagnético no interior de um condutor em equilíbrio, inabilitando o efeito de campos externos. Estas e outras medidas, inclusive a muito usada técnica do disfarce, serviriam a Snowden para eludir a seus perseguidores, aparentando sem um ancião ou uma jovem e delgada mulher caucasiana.

Atendendo à sagacidade pessoal de Snowden e os sofisticados métodos de dissimulação e disfarce, pode ser até que ele já não se encontre mais em Moscou, depois de ter burlado o olhar vigilante de jornalistas e agentes da CIA e do FBI.

Para tornar ainda mais aguda a saga dos “dedos-duros”,  iniciada há pouco tempo por Bradley Manning e o próprio Snowden, um novo escândalo sacode o Pentágono e o governo de Obama. Desta vez a rede NBC revelou que James Cartwright, um general de quatro estrelas da Marinha estadunidense que foi o segundo no comando do Estado Maior Conjunto em 2011, vazou informação para o jornal The New York Times sobre um ataque com o vírus Stuxnet, perpetrado em 2010 pela NSA e o Mossad contra a infraestrutura informática do programa de enriquecimento de urânio do Irã, numa operação denominada Olympic Games.  Agora aposentado, Cartwright ocupou este importante comando entre os anos 2007 e 2001. Esse novo caso é sumamente sensível posto que o general era um dos próximos ao Obama.

Até o momento foi revelado que Manning, Snowden e James Cartwright podem ter sido só alguns dos casos que se maneja publicamente nos EUA, posto que há suspeita de que existe um movimento crescente contra as ações encobertas dentro do Pentágono e das agências ianques de espionagem que estão silenciadas e envoltas em profundo segredo.

Novas surpresas aparecerão nos próximos meses, deixando os EUA na berlinda por seus métodos ilegais de espionagem, tão próprios de quem se considera o gendarme internacional. Estas ações de desencanto, repúdio, condenação e vergonha já não se deterão por nada.

 *http://www.alainet.org/active/65196&lang=es

Unasul se reúne na Bolívia para ato de desagravo a Morales

Renata Giraldi*

UnasulRepresentantes dos países que integram a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reúnem nesta quinta feira (4), em Cochabamba, na Bolívia, para formalizar um ato de desagravo ao presidente boliviano, Evo Morales.

A reunião extraordinária foi convocada a pedido do presidente do Equador, Rafael Correa, como resposta à proibição do avião de Morales de sobrevoar e aterrissar em quatro países europeus. A Unasul é formada por 12 países, mas o Paraguai está suspenso temporariamente.

O Brasil vai ser representado pelo secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Eduardo dos Santos. O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, classificou a proibição à aeronave presidencial como sendo um “abuso imperial” que sofreu um “sequestro”.

Ontem (2), o avião de Morales foi proibido de ingressar nos espaços aéreos de Portugal, da França, da Itália e da Espanha porque havia suspeitas de que o ex-agente norte-americano Edward Snowden estivesse a bordo. Morales foi obrigado a desviar a rota e aguardar autorização para seguir viagem, em Viena, na Áustria.

Nos Estados Unidos, Snowden é acusado de espionagem e está na Rússia esperando a concessão de asilo político. O ex-agente denunciou que os norte-americanos monitoravam e-mails e ligações telefônicas de cidadãos dentro e fora do país. Há, ainda, informações que comunicações da União Europeia também foram monitoradas. O norte-americano pediu asilo a 21 países, inclusive a Bolívia. O pedido também foi feito ao Brasil, que indicou que não concederá.

Os presidentes Dilma Rousseff, Ollanta Humala (Peru), Cristina Kirchner (Argentina), José Pepe Mujica (Uruguai) e Rafael Correa (Equador) prestaram solidariedade a Morales. Nas declarações, eles consideraram os atos dos governos europeus uma violação à América Latina.

*Com informações da agência pública de notícias da Bolívia, ABI 

Edição: Carolina Pimentel

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Sexo, perseguição política e Assange

Assange

<<Marco A. Gandásegui, tradução Diálogos do Sul>>

Os círculos políticos norte-americanos, associados ao poder (establishment), pensaram que podiam transformar Julian Assange em um objeto de escândalo sexual. Acreditavam que era possível destruí-lo, submentendo-o, na Suécia, a um julgamento com distinções sexuais. Posteriormente, seria extraditado para os Estados Unidos e convertido em prisioneiro de guerra, segundo a legislação terrorista deste país. Uma recente experiência fez cair em desgraça o presidente do FMI, após um encontro com uma empregada em um hotel de Manhattan.

A conspiração comandada de Washington, regressou ao ponto de partida e desde sua fuga na Embaixada do Equador em Londres, Assange tem se tornado o defensor mais reconhecido dos direitos humanos e, também, da liberdade de expressão. A perseguição ao fundador do Wikileaks tem despertado uma onda de indignação em todo o mundo.

Com a voracidade que despertou o caso, também o Equador despontou como um baluarte da liberdade de expressão e defesa dos direitos humanos. E então, o que inicialmente, como supôs os Estados Unidos, seria um caso simples, tornou-se um desastre político-midiático.

Os patronos do Wikileaks apresentaram as evidências das sistemáticas violações, cometidas por Washington, da legislação internacional, das leis dos países que tem suas embaixadas e, inclusive, de suas próprias leis. O establishment em Washington montou uma sofisticada operação, na qual participa a Suécia, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Este último país quer capturar a Assange e acusá-lo de ser um combatente ilegal, semelhante aos prisioneiros que tem em Guantánamo. O governo do reino da Suécia fraudou uma denúncia sexual apresentada por duas mulheres residentes neste país nórdico. Baseada na manipulação dos fatos e, segundo alguns, com a assessoria de Karl Rove (cérebro político de George Bush filho), a promotoria sueca emitiu um mandado de prisão contra Assange.

Frente a esta situação, Assange conseguiu asilo na Embaixada do Equador em Londres. Tal decisão desencandeou uma tormenta política nos mais altos níveis dos governos da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. O governo da Rainha Isabel imediatamente ameaçou violar a Embaixada do Equador e sequestrar Assange. O governo de Quito, por sua vez, recebeu a solidariedade de Unasul, Mercosul e Alba. Inclusive, a OEA – apesar da resistência dos Estados Unidos e Canadá – também apoiou o Equador.

Ficou claro que o que distingue o caso de Assange é a perseguição política dos Estados Unidos, com apoio da Grã-Bretanha e da Suécia. Também ruiu a suposta acusação da promotoria sueca contra Assange por delitos sexuais. No entanto, os Estados Unidos seguem lançando lenha ao fogo para atingir seus objetivos.

A ativista feminina, Naomi Wolf, se interessou por conhecer melhor a acusação contra Assange na Suécia. E chegou a conclusão que era uma aberração do governo sueco. Wolf é uma estudiosa, com 23 anos de experiência trabalhando em casos de violação ao redor do mundo. Há cinco atua em centros especializados na defesa de mulheres abusadas. Ela assegura que o caso Assange “não está sendo tratado como um delito sexual normal”.

Para começar, ela se pergunta por que o político americano Karl Rove tornou-se conselheiro do governo sueco no caso de Assange. Ela também observa que Rove está trabalhando com um ex-ministro da Justiça sueco, que aprovou um programa que permite os EUA levar os presos a países terceiros para serem interrogados e torturados.

aponta para oito irregularidades no caso aberto pela procuradoria sueca, por “delitos sexuais”, contra Assange. Em primeiro lugar, a Polícia sueca nunca persegue pessoas que tiveram relações sexuais consentidas. Assange é o primeiro caso deste tipo na história da Suécia. Uma segunda anormalidade consiste no fato das mulheres que o acusaram, terem apresentado a denúncia juntas. Este procedimento é ilegal e sem precedentes no país.

Um terceiro desvio da promotoria foi aceitar os testemunhos dos namorados das delatoras, que asseguram que as mulheres sempre usavam preservativos durantes suas relações sexuais. Os depoimentos dos noivos não devem ser aceitos (a favor ou contra) por razões óbvias. Uma quarta ilegalidade consiste no fato das denunciantes terem o mesmo defensor, que no caso de Assange, se trata de um advogado corporativista de alto perfil com vínculos internacionais.

Em quinto lugar, a defensora dos direitos femininos assinala que um advogado jamais assume dois clientes em um caso que envolve delitos sexuais. Em sexto, Wolf assegura que, em ocorrências como estas, uma mulher busca um advogado especializado e não um advogado corporativista. Um profissional de tal porte cobra 500 dólares a hora. Quem paga por estes serviços?

Em sétimo, a Polícia pediu para Assange um exame de AIDS. Este procedimento não tem fundamento. E por último, a procuradoria não pode divulgar registros de um caso sob investigação. Contudo, toda a documentação tem sido vazada para a mídia dos Estados Unidos. Segundo Wolf, estes são indícios de que há uma conspiração do mais alto nível entre os governos dos EUA, Suécia e Grã-Bretanha, para destruir a credibilidade de Assange, usando o sexo como uma arma.